Fellmer e sua familia |
Há vários anos que Raphael Fellmer, de 28 anos e a espanhola Nieves Palmer de 26, se alimentam exclusivamente de produtos considerados como “descartados”, mas que eles os salvam antes de serem destruídos.
Fellmer não tem conta no banco e vive totalmente sem dinheiro.
Sua experiencia está a fazer Alemanha refletir, justo no momento em que a Europa, o capitalismo justifica suas falhas com uma crise de divida.
Fellmer y Palmer asseguram ao país que em dois anos apesar de comerem alimentos descartados, nunca lhes aconteceu nada de mal: nem náuseas, nem infeções, nem quando Nives esteve gravida de Alma Lucia, que hoje tem cinco meses.
Ambos são vegans e se alimentam quase exclusivamente de produtos biológicos.
“Umas quatro vezes por semana, vou inspecionar com a mochila os contentores dos supermercados biológicos, encontro de tudo, sabonetes, chocolates, cosméticos, lácteos, frutas e verduras que ainda se podem consumir” explica Fellmer.
“Apanho mais do que o que necessito, o que sobra ofereço a vizinhos, amigos e necessitados. A ideia é difundir a mensagem de que não se tira uma maçã de vez em quando, mas tira-se tudo” comenta.
Uma convicção muito simples move este homem jovem e a muitos outros que seguem seu exemplo, num conjunto cada vez maior de pessoas que se alimentam exclusivamente dos “lixos” dos supermercados.
Depois de dois anos de uma vida radical e de uma viagem ao Mexico, realizada sem dinheiro, a mensagem de Fellmer começa a chegar de uma forma ampla à sociedade. As universidades o convidam para dar palestras e os jornais escrevem sobre ele.
O site www.forwardtherevolution.net dá informações sobre o “projeto” que nasceu quando era estudante na Holanda, junto com dois colegas: o francês Benjamin Lesagen e o italiano Nicola Zunino.
No mundo há cada vez mais pessoas que assumem viver sem dinheiro.
Calcula-se que cada cidade alemã destrói como “lixo” 100 kg de comida por ano. O instituto Austríaco de Economia dos Lixos calculou que 45% daquilo que os supermercados deitam fora se podia consumir.
Segundo a ONU, a Europa deita fora metade de todos os produtos alimentares. 30% Antes de serem abertos.
Fellmer sabe que todas as vezes que vai “buscar” comida está a cometer um crime: a violação de propriedade. Mas isto o indigna: “Na Alemanha é legal tirar comida, mas não o é apanha-la.” “É uma falha no sistema” se queixa. Por esta razão está a recolher assinaturas para poder pedir ao Parlamento Alemão que o deixe expor a sua causa. “ A ideia é criar um sistema onde se aproveita tudo” explica Fellmer.
Fellmer e Palmer não escolheram viver sem dinheiro, foi uma necessidade: ambos terminaram um curso universitário.
Tão pouco foi por inconsciência: ao falarem de seu projeto mencionaram estudos e informações que corroboram as suas teses e oferecem provas de que não expõem a sua filha a riscos.
Vivem nos arredores de Berlim, numa casa onde o proprietário os deixa ficar a troco de pequenos trabalhos. Fellmer desloca-se unicamente a pé. Palmer é menos radical e gasta uns 30 euros ao mês. Paga o seguro médico da filha com o subsídio de 145 Euros mensais que o estado oferece a cada criança que nasça na Alemanha até aos 20 anos.
Estão conscientes que esta sua Vida os expõe a críticas. “Não quero ser simplesmente um aproveitador” assegura Fellmer.
“ Tento integrar-me na sociedade: ajudo em reparações, obras, arranjo computadores, cuido de animais” conclui. Sabem que “resgatar comida” nos supermercados não é uma solução para salvar o Mundo a longo prazo, mas serve para mandar uma mensagem.
Tenho pensado, que no futuro vou-me instalar no campo, quem sabe em Itália e viver do que produzir.
O caos da crise diz-nos que “isto não pode continuar assim.”
Fonte: http://www.lanacion.com.ar/1444281-viven-sin-dinero-y-llevan-a-alemania-a-detenerse-y-pensar
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